Os níveis de miopia tem aumentado significativamente nos últimos anos, especialmente na China e em outras partes do leste e sudeste da Ásia onde jovens adultos agora são 80-90% míopes e onde o nível de alta miopia é da ordem de 20 %, comparado a cerca de 1% a 3% na Europa. Há evidências crescentes de que educação e o comportamento de um indivíduo podem ter um impacto maior no desenvolvimento da miopia do que os fatores genéticos.
De acordo com os resultados de um estudo realizado na Universidade de Mainz Medical Centre, na Alemanha, a cada ano de estudo aumentada a chance de uma pessoa tornar-se míope. A miopia está presente em todo o mundo, mas tornou-se mais prevalente nos últimos anos e representa uma preocupação global na saúde e na economia, disse o Professor Norbert Pfeiffer que liderou a pesquisa.
Para analisar a possível correlação entre educação e desenvolvimento de miopia, investigadores do centro médico da Universidade de Mainz avaliaram a miopia em 4.658 pessoas do centro-oeste da Alemanha, com idades entre 35 a 74 anos, excluindo os que tinham sofrido cirurgia catarata ou cirurgia refrativa.
Os resultados demonstraram que a miopia se torna mais prevalente com maior nível de educação. Apenas 27 % daqueles sem qualquer graduação escolar eram míopes, enquanto que 51 % dos graduados no ensino médio o eram. Em contraste, não menos do que 53 % dos indivíduos com ensino superior eram míopes.
Além da escolaridade concluída, os pesquisadores de Mainz descobriram que pessoas que passaram anos a mais na escola tenderam a ser mais míopes, com aumento da miopia para cada ano de escola. Os pesquisadores também olharam para os efeitos de 45 marcadores genéticos, mas descobriram que estes têm um impacto muito menor na gravidade da miopia em comparação com o nível de instrução alcançado.
Óculos especiais
Os pesquisadoras notaram que tentativas para retardar a progressão da miopia com óculos especiais ou lentes de contato são infrutíferas. Enquanto alguns estudos têm demonstrado que baixas doses de atropina em colírio podem ser eficazes no controle da progressão da miopia, questões relacionadas a custos e preocupações sobre possíveis efeitos colaterais a longo prazo podem limitar a sua adoção generalizada.
Uma solução possível, no entanto, pode ser simplesmente encorajar as crianças a passar mais tempo ao ar livre. Há um grande número de estudos demonstrando que o risco do desenvolvimento de miopia pode ser menor ao se passar mais tempo ao ar livre pela maior exposição à luz solar e maior tempo olhando ao longe. Deve-se passar cerca de 15 horas por semana ao ar livre de acordo com os pesquisadores, enquanto os olhos não devem ser usados para atividades como leitura ou uso de computadores e smartphones por mais de 30 horas semanais.
Os resultados da pesquisa da Universidade de Mainz são semelhantes a dois outros estudos, um da Universidade Estadual de Ohio e outro da Universidade de Sydney e da Universidade Nacional da Austrália, que destacam a relação entre fatores ambientais e o desenvolvimento de miopia. Os dados de pesquisa disponíveis sugerem que as crianças na Ásia oriental passam muito pouco tempo ao ar livre em comparação com as crianças na Europa, América do Norte ou na Austrália.
A evidência é finalmente um alerta as autoridades de saúde e aos governos dos países mais afetados pelo surto de miopia a tomar medidas para combater o fenômeno. Cingapura, por exemplo, adotou oficialmente mais tempo ao ar livre como estratégia na prevenção de miopia, mas tenta influenciar as escolhas dos pais através de campanhas de informação. O governo chinês também, atualmente, está discutindo se deve limitar severamente a quantidade de lição de casa dada a crianças em creches e escolas primárias.
Fonte: Eurotimes