O Código Brasileiro de Trânsito prevê a idade que inicia a concessão para a direção veicular, que é de 18 anos, porém não determina um limite para encerrar tal atividade. Segundo especialistas de trânsito, dirigir um veículo não é um procedimento tão simples, como muitos imaginam. Para uma direção considerada segura, o motorista depende de três funções que são básicas:
• A cognitiva, que é ligada ao raciocínio, entendimento, memória, comunicação, atenção, concentração e respostas imediatas;
• A motora, que responde pela liberdade de movimentos, rapidez, força, agilidade, coordenação;
• A sensório-perceptiva, que envolve a sensibilidade tátil, visão, audição e percepção.
Uma pesquisa, em andamento, elaborada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo aponta que 40% dos motoristas acima dos 60 anos respondem de forma mais lenta ao volante, em relação aos que têm até 50 anos. E apenas 3% das pessoas do grupo avaliado pela Instituição foram multados ou se envolveram em algum tipo de acidente de trânsito em 2012.
Dados esses que mostram que os idosos são mais prudentes, além de ter mais experiência no volante; entre os homens, a média do tempo de direção é de 48 anos, aproximadamente e as mulheres são habilitadas há 40 anos, segundo dados coletados pelo HC. Segundo o Departamento de Trânsito do Paraná, o idoso tem o perfil de um motorista educado e cuidadoso, atencioso às leis de trânsito e que conduz de forma segura.
Enxergar bem é primordial para conduzir um veículo, visando à segurança de quem conduz e de todos que estão à volta. Para controle desse aspecto, no Brasil, é obrigatória a realização de exame oftalmológico por médicos ligados à Associação Brasileira de Medicina de Trânsito.
No caso dos motoristas com idade até 65 anos, é preciso renovar o exame a cada cinco anos; acima desta idade, a periodicidade é de três anos. Em relação à categoria profissional da CNH, há para o idoso a exigência de visão máxima, em ambos os olhos; caso seja detectado o contrário, ele só poderá ter a concessão na categoria de motorista amador.
Catarata
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 50% dos indivíduos com idade entre 65 e 74 anos têm catarata; o número aumenta para quem tem acima de 75 anos (75%). Esta patologia é a principal causa de cegueira tratável nos países em desenvolvimento. Existem 161 milhões de deficientes visuais no mundo, e a catarata é responsável por 47,8% de todos os casos (dados da OMS). As dificuldades visuais provenientes da catarata têm potencial de interferir na realização de algumas atividades e podem levar à diminuição da acuidade visual, aumentando os riscos de acidente no trânsito.
Glaucoma
No caso da perda de fibras retinianas periféricas, o campo visual diminui até se tornar “tubular”, características de estágio avançado da doença. Essa diminuição visual periférica limita a percepção visual, causando prejuízo à direção veicular. O glaucoma é a principal causa de diminuição de campo visual em idosos. Em relação ao trânsito, pode aumentar o número de acidentes porque o motorista com glaucoma pode não enxergar outros carros, ciclistas e pedestres que estejam no campo da visão periférica.
Degeneração macular
Doença degenerativa que afeta a mácula e acomete pessoas com mais de 50 anos; dentre os vários fatores de risco, a idade é o mais forte. A principal causa de diminuição de campo visual em idosos é o glaucoma. Nas formas avançadas, os pacientes podem apresentar graves disfunções na visão central. Dentre os sintomas os mais comuns estão: embaçamento da visão central, distorção da imagem e visão reduzida, podendo levar a uma mancha central e a uma importante perda da visão.
Retinopatia diabética
No caso de uma complicação do diabetes mellitus, que atinge 3% da população brasileira, e junto com o glaucoma e a catarata, e representa uma das principais causas da cegueira em todo o mundo. A doença pode ser um fator impeditivo, definitivo, para dirigir. Isso acontece no caso da evolução da doença e significativa agressão ocular. O exame oftalmológico anual é de grande importância para que o especialista detecte a doença que está interferindo na direção veicular.
Presbiopia
A presbiopia, ou vista cansada, que afeta o indivíduo por volta dos 40 anos, também pode ser um problema para quem dirige. Por isso, o oftalmologista orienta sobre a necessidade do uso do óculos para dirigir; neste caso é especifico para enxergar de perto.
Condições psicológicas
Tanto o motorista quanto a família devem observar sinais de perigo na prática da atividade; se o idoso sempre bate o carro, tem dificuldades para estacionar, passa pelo sinal vermelho por não distinguir as cores, é preciso buscar a ajuda de um especialista. A direção veicular torna o idoso integrado à família, à sociedade e conectado com o mundo. Um bom caminho é estimulá-lo e deixá-lo motivado. Caso sempre sejam apontadas as limitações, pode haver um problema de baixa autoestima e pode causar depressão, acelerando o processo degenerativo e a desarmonia interna.