19 de setembro de 2023

Ceratocone: 9 principais dúvidas no dia a dia do consultório

Ceratocone: 9 principais dúvidas no dia a dia do consultório

Ceratocone é uma doença não inflamatória da córnea caracterizada por afinamento progressivo e protrusão em formato de cone levando a déficit visual.

Com que frequência ocorre?
Geralmente ocorre em crianças, adolescentes e adultos jovens. A prevalência reportada na população geral varia nos estudos de 50 a 230 a cada 100.000. Não existe diferença na incidência entre os sexos.

Quais são os principais fatores de risco?
História familiar de ceratocone (é positiva em 6-8% dos casos de ceratocone);
Prurido ocular;
Doenças sistêmicas: Síndrome de Down, Ehlers Danlos e osteogênese imperfecta;
Doença atópica e asma.

Quando suspeitar?
Adolescentes ou adultos jovens com borramento visual;
Dificuldade de enxergar com a correção visual atual ou alteração muito frequente do grau de miopia e astigmatismo;
Fotofobia e embaçamento visual que podem ser assimétricos;
Alergia ocular em paciente jovem;
Dificuldade de atingir boa visão no exame oftalmológico.

Como é feito o diagnóstico?
História e exame clínico: Afinamento corneano paracentral inferior ou central, sinal de Munson (identação em V da pálpebra inferior quando o paciente olha para baixo), miras da ceratometria distorcidas, retinoscopia com reflexo em tesoura; anel de fleisher (anel de ferro que circunda a base do cone), estrias de Vogt (linhas verticais na parte mais fina da córnea no nível do estroma posterior e membrana de descemet), Hidropsia corneana (dor aguda e fotofobia devido a edema de córnea causado por rotura da membrana de descemet);
Topografia ou tomografia corneana que demonstram astigmatismo irregular e assimétrico.

Quando adaptar lentes de contato?
Nos primeiros estágios da doença o paciente ainda tem boa visão com os óculos. Conforme o ceratocone progride e o astigmatismo irregular aumenta, as lentes de contato podem se tornar necessárias para melhorar a visão. As lentes de contato rígidas gás permeáveis são as lentes mais comumente usadas no ceratocone. Pacientes intolerantes ao uso de lentes rígidas podem ser candidatos ao uso de lentes de contato esclerais (lentes de diâmetro grande, que não tem movimento nos olhos e não tocam a córnea, se tornando mais confortáveis).

Quando fazer crosslinking?
O crosslinking de colágeno é um procedimento que utiliza riboflavina e luz ultravioleta para aumentar a rigidez da córnea e é recomendado nos ceratocones ou ectasias pós-cirúrgicas progressivos. Não é recomendado em doenças estáveis. O objetivo do procedimento é evitar a progressão da doença.

Quando fazer anel intracorneano?
O implante de anel intraestromal pode ser feito sozinho ou combinado com o crosslinking. O objetivo é melhorar a acuidade visual reduzindo o astigmatismo. Muitos autores já relataram aplanamento da córnea e melhora significativa dos erros refrativos. Geralmente não é utilizado em cones mais avançados com córneas muito finas.

Quando fazer transplante de córnea?
O transplante de córnea é o procedimento de escolha quando as lentes de contato já não ajudam na visão ou não ficam bem adaptadas no paciente. Aproximadamente 10-15% dos pacientes com ceratocone irão necessitar de ceratoplastia. O transplante penetrante ainda é o mais comumente utilizado porém hoje existe o transplante lamelar, que troca somente as camadas mais superficiais da córnea. Os estudos demonstram sucesso de mais de 90% em pacientes com ceratocone e acuidade visual igual ou melhor que 20/40 em 80-90% dos pacientes. Desses, 15% têm essa visão sem correção, 40% com óculos e 26% com lentes de contato.

O que fazer nos casos de hidropsia?
Os casos de hidropsia geralmente resolvem espontaneamente em 2 a 4 meses, porém o paciente pode ter desconforto e baixa visão durante esse tempo. Faltam evidências sobre um tratamento efeito. Alguns utilizam oclusão com pressão, lentes de contato terapêuticas e hiperosmóticos, cicloplégicos e corticoides para reduzir o edema, a dor e a inflamação. A injeção de gás intracameral pode diminuir o tempo para resolução mas não muda o desfecho em termos de acuidade visual e necessidade de transplante de córnea. Após o episódio a córnea fica com uma cicatriz, que pode aplanar a córnea e assim reduzir o cone.

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Fonte: Universo Visual – www.universovisual.com.br

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