14 de maio de 2019

Inteligência artificial ajuda a detectar o glaucoma

Inteligência artificial ajuda a detectar o glaucoma

Novo sistema traz diagnóstico mais rápido e preciso, permitindo que a suspeita da doença seja verificada antes mesmo do paciente passar em um oftalmologista especializado

Em recente pesquisa, os professores Edson Satoshi, da Escola Politécnica (Poli) da USP e Vital Costa, da Unicamp, desenvolveram uma ferramenta que utiliza inteligência artificial (IA) capaz de detectar o glaucoma. O diagnóstico do glaucoma é complexo e requer uma diversidade de exames. Além disso, a doença é assintomática em seu estágio inicial. Segundo Satoshi, o uso de IA tornará a detecção mais rápida e precisa.

O sistema funciona analisando um grande volume de dados fornecidos pelos exames de pacientes com suspeita da doença. Após processar essas informações, a máquina pode afirmar se o caso é ou não uma suspeita de glaucoma. O objetivo é fornecer auxílio aos médicos da área no diagnóstico do glaucoma – o professor da Poli vê a IA como “uma terceira opinião”.

Visando reduzir a taxa de erros em diagnósticos, a inteligência foi desenvolvida com um método chamado ‘aprendizagem supervisionada’. “Nós alimentamos o algoritmo com dados clínicos, ou seja, as características de alguém que têm ou não têm glaucoma, e ele faz o diagnóstico positivo ou negativo, então o parâmetro é estabelecido pelo médico. O sistema então usa as informações iniciais para analisar novos dados, e assim vai aperfeiçoando o processo.”

Os dados utilizados são obtidos a partir dos exames de campo visual e tomografia de coerência óptica, sendo este último usado para verificar a espessura da fibra nervosa óptica, dado fundamental para o diagnóstico. “Baseado nesses exames, o sistema tem uma chance maior de acertar o diagnóstico que o oftalmologista-geral”, diz o professor Vital Costa, que é chefe do setor de glaucoma da Unicamp.

A vantagem da tecnologia, segundo Satoshi, seria abrir a possibilidade de um profissional de saúde realizar um diagnóstico mais rápido, e então fazer o encaminhamento do pacientes para o oftalmologista especializado.

Uma alternativa acessível

Edson Satoshi apresenta o desenvolvimento da ferramenta independente como um avanço para a acessibilidade na saúde. Para o professor da Poli, a possibilidade do diagnóstico ser realizado por um oftalmologista-geral torna o atendimento mais democrático frente às dificuldades na área da saúde. “Ter um médico especializado em cada posto de saúde é inviável. Na prática, ter um equipamento é mais factível. O ideal, claro, seria ter uma pessoa, mas é difícil.”

Além da rapidez e precisão, portanto, o uso de um software para o diagnóstico da doença torna o processo de tratamento também mais barato. “O uso da IA permite que mais pessoas sejam atendidas e beneficiadas”, diz Edson Satoshi.

Vital Costa informa que o glaucoma afeta 2% da população mundial com mais de 40 anos. No Brasil, esse número soma mais de 40 mil pessoas, e 33% dos pacientes que buscam tratamento para a doença já estão em estágio avançado, em que a doença causa a cegueira. “Já que não há dor nem incômodo, o paciente só procura um médico quando percebe algo errado com a visão”, explica o médico.

O próximo passo

O professor da Poli explica que a nova tecnologia permite a medição da probabilidade de glaucoma, porém a dificuldade estaria na interpretação desses dados pelo médico, rapidamente e sem erro. “O próximo passo para a pesquisa é a interpretação de imagens por essa inteligência”, essa função tornaria a máquina ainda mais sofisticada, e capaz de dar mais apoio ao médico.

Mesmo assim, a presença do profissional se faz essencial. O sistema tem como objetivo auxiliar o médico, e não substituí-lo. “Tem que ter um médico no final”, diz Satoshi.

Segundo o professor da Unicamp, “não há dúvidas que o trabalho causa um impacto positivo na área da saúde” e que atinge a área médica como um todo. “O uso da inteligência artificial para auxiliar na medicina já é uma realidade”, diz Costa.

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Fonte: Jornal USP

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Saiba o que é catarata: sintomas, tratamentos e causas

Imagens turvas e embaçadas, presença constante de uma espécie de névoa diante dos olhos…

Estas são queixas comuns dos pacientes que têm catarata. Apesar de ser muito popular (quase todo mundo conhece alguém que já teve catarata), ainda persistem muitas ideias erradas sobre o que é catarata e sobre como tratá-la.

A maioria dos casos de catarata acontece como parte do processo de envelhecimento, mas é possível desenvolver a doença como consequência de traumatismos oculares, do uso inadequado de algumas medicações ou por excesso de exposição à luz solar.

Como o problema pode ser identificado?
Visão mais embaçada, imagens que parecem ter cores desbotadas, percepção de halos claros ao olhar para a luz podem ser sinais de catarata. Se algum deles for percebido, é preciso procurar seu oftalmologista. Ele fará uma série de exames para identificar se o motivo do problema é catarata.

Qual o tratamento para a catarata?
O único tratamento para a catarata é a cirurgia, indicada sempre que o embaçamento da visão interferir na realização das atividades diárias. Na cirurgia de catarata, o cristalino opacificado é removido do olho, e em seu lugar é inserida uma lente intraocular artificial.

Hoje existem diversos tipos de lentes intraoculares (inclusive multifocais, que podem reduzir a necessidade de uso de óculos para perto e para longe). Seu oftalmologista avaliará quais as melhores indicações para o seu caso, considerando suas características e necessidades.

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